O lixo
brasileiro é considerado um dos mais ricos do
mundo e sua reciclagem é fortemente sustentada
pela catação informal
O planeta atingiu este
ano a marca de seis bilhões de pessoas. E esse
enorme contingente humano terá que procurar
sobrevivência em um mundo em que a deterioração
do meio ambiente é um fato presente e uma
realidade dolorosa. A degradação da condição
humana é constatada, sobretudo, nas grandes
cidades.
Estará o homem do terceiro milênio, da era da
modernidade, preparado para o desafio de resolver
os desequilíbrios ambientais e assegurar uma
qualidade mínima de vida? Estará ele capacitado
para realizar tarefas aparentemente simples como a
de dar destinação adequada ao lixo produzido por
todos os cantos do mundo?
A administração do lixo já é hoje uma das
grandes preocupações na organização urbana. As
instituições e entidades ambientalistas têm
divulgado números astronômicos sobre o assunto.
De acordo com os dados mais freqüentemente
utilizados, só nos Estados Unidos, cada pessoa
gera dois quilos de lixo por dia, alcançando um
total anual de 190 trilhões de qui-los. No
Brasil, cada pessoa gera, em média, um quilo de
lixo por dia Por ano, são produzidos 55 trilhões
de quilos.
O lixo brasileiro é tido como um dos mais ricos
do mundo. Mas, para Heliana Katia Campos, secretária-executiva
do Fórum Nacional Lixo e Cidadania, da Unicef não
está sendo dada a devida importância às questões
relativas ao saneamento ambiental, em especial à
coleta e destinação adequada dos resíduos. Ela
alerta para o fato de que o descarte aleatório
dos resíduos em nascentes, córregos, margens de
rios e estradas, além de provocar problemas
ambientais graves e poluir as águas, que muitas
vezes são captadas para consumo, atrai para estes
locais um exército de desempregados e famintos,
que sobrevivem à custa da cata de resíduos para
a sua alimentação e para comercialização.
Katia ressalta ainda que o problema da catação
de lixo por seres humanos é "regra
geral", de norte a sul do país, tanto em
cidades de pequeno porte como nas grandes
capitais. "É uma situação constrangedora e
inaceitável, fruto da miséria, do desemprego e
da busca desesperada pela sobrevivência".
O programa da Unicef preconiza a necessidade de
uma intervenção social voltada ao resgate da
cidadania dos trabalhadores que vivem em condições
de absoluta pobreza, "sobrevivendo das sobras
e dos desperdícios dos mais afortunados".
Como alternativa à catação nos lixões, o Lixo
e Cidadania procura incentivar a coleta seletiva,
com a participação das famílias dos catadores,
propiciando a geração de postos de trabalho e
renda para as mesmas.
Reciclagem
A reciclagem no Brasil é fortemente sustentada
pelos garimpeiros do lixo (catação informal). Os
programas criados pelo poder púbico, muitas vezes
em parecia com os catadores, também têm se
difundido. Entre os principais méritos da
reciclagem estão o de reduzir o volume de lixo de
difícil degradação, o de contribuir para a
economia de recursos naturais, ode prolongar a
vida útil dos aterros sanitários, o de diminuir
a poluição do solo, da água e do ar e o de
evitar o desperdício, contribuindo para a
preservação do meio ambiente. Trata-se de um
processo de transformação de materiais para
reaproveitamento na indústria e na agricultura.
São basicamente dois os modelos de programas de
reciclagem implantados em municípios brasileiros:
coleta seletiva de lixo e usinas de reciclagem. Há
muitos exemplos de cidades em que a reciclagem já
atingiu um estágio avançado, com resultados
importantes. Curitiba (PR), com o programa
"Lixo que não é lixo", implantado há
10 anos, representa com louvor essas experiências
bem sucedidas. Mas, de acordo com o levantamento
da Unicef sobre a destinação final do lixo no
Brasil, constata-se uma precária situação na
maioria dos municípios: 88% deles não possuem
conselho de meio ambiente, tido como principal
instrumento de controle dos problemas ambientais.
Apenas 34% das cidades têm um órgão ambiental
especifico, em 25% são outras instâncias que
respondem pela área ambiental e em 41% não há
qualquer órgão responsável pela gestão
ambiental.
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